Foi-se o tempo em que o suco de laranja era considerado um vilão da dieta. Além de contribuir para a perda de peso em adultos – dentro de uma alimentação adequada -, a bebida é benéfica para a saúde óssea das crianças e também para melhorar a absorção do ferro. O consumo, porém, deve ser limitado devido ao alto teor calórico do alimento.
“A laranja é muito rica em componentes importantes para o organismo. Historicamente, a fruta é conhecida por suas propriedades funcionais desde o século 18 quando, durante as navegações, apareceu o escorbuto. O suco de cítricos era uma forma de curar a doença”, conta Rubens Feferbaum, professor livre-docente em pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
A vitamina C é o nutriente predominante e mais conhecido da fruta e, segundo menciona um estudo americano, é essencial para a saúde óssea. Como tem função antioxidante, a vitamina protegeria o tecido da ação dos radicais livres, além de atuar na síntese de colágeno – substância que constitui a maior parte da composição dos ossos.
“Não há recomendações para o consumo desses sucos [por crianças], apenas sucos in natura [direto da fruta]. Por isso, oriento que o consumo seja feito após um ano de idade, de forma moderada e esporádica, respeitando as recomendações por idade”, diz Renata Alves, nutricionista especialista em materno-infantil.
Renata cita a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria para consumo de sucos de frutas:
Até seis meses de vida: sem qualquer suco natural, apenas leite materno conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde;
Após seis meses: devem ser evitados, mas, se forem oferecidos, que sejam dados no copo, de preferência após as refeições principais e em dose máxima de 100 mililitros por dia;
Crianças de um a seis anos: máximo de 150 mililitros por dia;
Crianças e adolescentes de sete a 20 anos: máximo de 240 mililitros por dia.
A ressalva para o consumo após os seis meses de vida é para auxiliar na absorção do ferro, mineral proveniente de leguminosas e verduras, explica Renata.
Vitamina C e ferro. Em outro estudo, os pesquisadores deram a 21 crianças, entre quatro e oito anos de idade, um muffin fortalecido com ferro mais suco de laranja e depois de maçã. Como resultado, a primeira bebida potencializou a absorção do mineral.
“Quando observamos que grande parte das crianças brasileiras tem déficit de ferro, vemos que em alguns casos há a necessidade de suplementação e manejo da vitamina C após as refeições principais”, diz Renata. O mineral previne anemia e atua para que a hemoglobina, célula presente no sangue, transporte o oxigênio para todo o corpo.
Mas ainda que o suco de laranja seja bom, o consumo da fruta fresca é o mais recomendado. “Três gomos de mexerica, ou 1/4 de laranja, são suficientes para melhorar a absorção do ferro, o que prova que o suco da fruta é desnecessário até um ano de idade”, reforça a nutricionista.
O professor da FMUSP acrescenta que a laranja é rica em fibras que, além de melhorar o funcionamento do intestino, regula a glicemia. A quantidade está relacionada à saciedade, o que faz com que contribua para a perda de peso. Renata informa que meia laranja (85 gramas) tem 40 quilocalorias e duas gramas de fibra.
Mais benefício. O suco de laranja também foi usado em um estudo como meio de aumentar o nível de DHA no organismo das crianças com suplementação. O DHA é um ácido graxo muito presente em peixes e auxilia na incorporação do sistema nervoso e na retina, principalmente dos pequenos. A pesquisa ressalta, porém, que outras análises são necessárias para determinar os benefícios dessa prevalência, particularmente ligados à capacidade de atenção e memória.